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Britto diz que compreender racismo é diferente de aceitá-lo

“Compreender uma situação é completamente diferente de ter que aceitá-la. Espero que a ministra não tenha aplicado o conceito de compreensão como o de aceitação”. Esse foi o comentário feito pelo presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Cezar Britto, sobre declaração dada em entrevista pela ministra Matilde Ribeiro, titular da Secretaria Especial de Política da Promoção da Igualdade Racial (Seppir), de que considera natural a discriminação de negros contra brancos. A ministra teria afirmado que “não é racismo quando um negro se insurge contra um branco” e que compreende a reação de um negro de não querer conviver com um branco, uma vez que “quem foi açoitado a vida inteira não tem obrigação de gostar de quem o açoitou”.

Para Cezar Britto, compreender que tenha existido o sistema “perverso” de escravidão e o preconceito dele decorrente é importante para que o Brasil tenha, de fato, uma democracia racial. “No entanto, aceitar qualquer tipo de preconceito não pode ser medida eficaz no que se refere a essa mesma democracia racial”, afirmou Cezar Britto, após ser empossado hoje, em Brasília, membro integrante do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH).

A declaração da ministra Matilde Ribeiro foi dada à BBC Brasil, em programa que lembrou os 200 anos da proibição do comércio de escravos pelo Império Britânico, tido como o ponto de partida para o fim da escravidão em todo o mundo.