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“Se fortalecermos a família, reconstruiremos a paz”, diz ministro Vidigal em Aracaju

O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), ministro Edson Vidigal, disse hoje (8), em Aracaju (SE), que somente com o fortalecimento da família será possível reconstruir a paz. O ministro Vidigal participou do encerramento da “Cúpula Mundial da Família +1”, promovida pelo governo do Estado de Sergipe em parceria com a Organização Mundial da Família e das Nações Unidas.

Para o ministro Vidigal, o evento ocorrido em Aracaju (SE), deve sensibilizar a população e o governo brasileiros. O presidente do STJ lamentou o fato de a iniciativa não ter merecido a atenção das autoridades do país. Segundo o ministro, a ONU observou em programas nacionais a iniciativa para realizar a conferência mundial na capital sergipana, com o apoio do governador João Alves (PFL).

Num discurso para representantes internacionais, o presidente do STJ também defendeu a inclusão social, o fim do preconceito e a reação da sociedade “em busca da coesão familiar”. Conforme destacou, é preciso reprimir “os acessos de egoísmos e nos entregarmos ao Brasil em solidariedade, em fraternidade, em voluntárias ações para o bem estar geral”.

Roberto Cordeiro(61) 8165 8754

A seguir a integra do discurso do presidente do STJ, ministro Edson Vidigal:

“Não há nada mais importante acontecendo agora, nesta hora, no Brasil, do que este nosso encontro, aqui em Aracaju, Sergipe.

A Organização Mundial da Família, órgão das Nações Unidas, passeando seu olhar pelo mundo, focou o Brasil e dentro do Brasil enxergou Sergipe, o menor Estado em geografia.

O mundo lá fora sabe e o Brasil aqui dentro quase não sabe que aqui, em Sergipe, se executa com êxitos um programa de enfrentamento da pobreza sem clientelismos e paternalismos – “Pró Mulher, Pró-Familia”.

Primeiro, portanto, a mulher. Porque sem mulher, fazer família é mais difícil.

Esse programa, criado pela senadora Maria do Carmo Alves e empreendido pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Combate à Pobreza, chamou a atenção da presidente da Organização Mundial da Família, dra. Deisi Kusztra.

O importante é que esse programa não se resume, por exemplo, ao combate ao câncer que, em suas diversas modalidades, ataca as populações mais carentes. Orienta-se por uma idéia básica de inclusão social. Compreende a importância da família no processo de desenvolvimento econômico e social.

Eu venho até aqui, um pouco atrasado mas ainda em tempo, para bater palmas ao pequeno Estado de Sergipe por esse grande feito. Venho para lhes dizer que o Brasil tem muito a aprender nessa experiência bem sucedida, que chamou a atenção das Nações Unidas.

“A família – declarou a ONU, em 1948 – é o grupo natural e fundamental da sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Estado”.

Quantos milhões de famílias não foram, e ainda tem sido, separadas pelas guerras ?

As guerras hoje em dia não são apenas aquelas das fronteiras da insensatez e da juventude armada matando e morrendo nas linhas de frente, não.

Temos guerras inúmeras a vencer até que a paz plena, inteira, se estabeleça nos garantindo uma vida melhor.

Em nome da paz temos que acirrar mais ainda a guerra contra as desigualdades, mirando sempre o desenvolvimento econômico e social.

Assim, temos que reduzir o número dos que passam fome; temos que garantir o ensino primário a toda menina e a todo menino; a conclusão do ensino básico e sempre de boa qualidade a todos, impedindo a evasão escolar.

Temos que direcionar os cursos universitários para a formação de profissionais indispensáveis ao desenvolvimento de cada região. Temos que investir na profissionalização de nível médio.

Vamos ter que trabalhar pela igualdade dos gêneros, ampliando espaços de ação para as mulheres, eliminando as disparidades entre os sexos no ensino primário e secundário.

Precisamos continuar o trabalho contra a mortalidade infantil, reduzindo, pelo menos, em dois terços, a taxa de mortes de crianças até os cinco anos de idade.

Reduzindo a taxa de mortalidade materna em três quartos, melhoramos a saúde materna.

Nunca é demais ampliar as frentes de luta contra os vírus HIV / AIDS, contra a malária, a doença de chagas, a lepra, a febre amarela, a tuberculose, enfim contra todas as doenças que atacam mais às populações mais pobres.

Não podemos perder de vista a sustentabilidade do meio ambiente. Denunciando o fundamentalismo ambientalista, nos prejuízos que causa ao progresso do Pais, atrasando projetos e obras indispensáveis, afirmamos princípios de desenvolvimento sustentável nas políticas e programas nacionais e regionais.

Precisamos reverter a perda de recursos do meio ambiente e reduzir, pelo menos, à metade o numero de pessoas que não tem acesso à água potável no país.

Não podem ficar no esquecimento de cada um de nós os milhões que o atraso político esconde nas favelas, onde não sabem o que é viver em paz.

Vamos buscar parceiros e estabelecer alianças definitivas em favor do desenvolvimento. O desenvolvimento, disse um dia o Papa Paulo VI, é o novo nome da paz.

Estamos comprometidos com todas estas idéias porque elas resumem os objetivos de desenvolvimento para este novo milênio, definidos pelas Organização das Nações Unidas.

Nenhuma ação para o desenvolvimento no Brasil pode ser empreendida sem considerar o objetivo maior, que é a inclusão social. Daí não baixarmos a guarda contra o preconceito, seja de cor, de raça, de sexo, de condição social.

Inclusão social quer dizer mais igualdade de oportunidades. Ninguém, no setor empresarial ou no setor público, ficou mais pobre porque mais pessoas chegaram ao mercado de trabalho e do mercado consumidor. Todos ganham, ninguém perde. É hora de reagir. Não com o barulho dos que só sabem fazer barulho, muito barulho para nada.

Devemos reagir, em busca da afirmação da coesão familiar, tirando fatias de amor dos nossos corações. Reprimindo os acessos de egoísmos e nos entregarmos ao Brasil em solidariedade, em fraternidade, em voluntárias ações para o bem estar geral.

Cada um de nós pode fazer um pouco junto ao nosso ciclo familiar, de trabalho, de amizades, de companheiros. E todos fazendo um pouco, na sua parte, o resultado será muito.

Obrigado.”