Dados do Ministério da Educação revelam que, a cada ano, dos 66 mil alunos deficientes auditivos matriculados em escolas do Ensino Fundamental e Médio, menos de mil ingressam nas universidades brasileiras. A dificuldade dos estudantes de compreender a língua portuguesa e a falta de capacitação dos professores são algumas das causas de números tão baixos.
Para resolver esse problema, o MEC quer incentivar os professores a aprender a Língua Brasileira dos Sinais, Libras. Mais de 4.700 professores vão participar, em janeiro, do Exame Nacional de Proficiência em Libras. O objetivo do exame é avaliar a habilidade desses profissionais com a linguagem de sinais para que possam atuar na formação de novos professores.
O ministério vai contratar os profissionais que tiverem melhor classificação no exame para dar aula de Libras para todos os estudantes do ensino superior de cursos com graduação em licenciatura e fonaudiologia. A medida faz parte de um decreto, de 2005, que determina que até 2015 todas as Universidades incluam a disciplina de Libras nos cursos de formação de professores.
Segundo a Coordenadora dos Projetos para Deficientes Auditivos, do Ministério da Educação, Marlene Goti, a meta é permitir ao deficiente auditivo melhor qualidade de formação, facilitando seu acesso ao ensino superior.
“Esses alunos têm o direito de se matricular em qualquer escola, e para isso os professores têm que, minimamente, ter idéia de como conversar com eles, de como utilizar a sua própria linguagem para explicar as matérias. Eles são cidadãos brasileiros e têm direito ao acesso à educação por meio de sua própria linguagem”, afirmou Marlene.
Como no Brasil ainda não existe graduação em Libras, o MEC apoiou universidades para criar o curso de graduação em Letras com licenciatura em Libras. Nove instituições de ensino superior, das cinco regiões do Brasil, deram início ao curso neste segundo semestre. Os primeiros alunos só estarão formados em quatro anos, fator que determinou a realização do exame para a contratação imediata de professores.
Marlene Goti explicou que só após o exame será possível saber quantos profissionais poderão ser contratados para ensinar a língua dos sinais nas Universidades.