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Visão Poética da triste estória do apenado José

José foi condenado.
 Seu destino: a casa de detenção.
 Já nos primeiros dias descobriu uma triste realidade:
 Que o cárcere é uma escola,
 escola para a marginalização.

José que conhecia apenas o revólver,
 Descobriu que tudo pode ser uma arma,
 – depende da situação;
 E que no submundo carcerário,
 Quem faz a lei é o ladrão.
 

Descobriu também que sem qualquer ato,
 Pode-se “puxar” mais anos de prisão;
 Pois em troca da própria vida,
 Cria-se uma confissão.
 E de um crime que José nem sabia,
 Nem viu a consumação…

Antagônica realidade a de José.
 Prejudicado na lide judicial,
 (José agora é reincidente)
 Mas, favorecido na sociedade artificial.
 – Agora ele é da gente!
 Dizem os cabeças da organização.

E José que teria iniciado sua pena,
 Sob o fundamento do duplo objetivo:
 Castigo e ressocialização,
 descobriu que lá se aprende,
 é viver mais tempo dentro da prisão.

José nunca foi homem de muitos planos;
 E até mesmo dizia, que um dia abandonaria
 essa vida de “roubação”;
 Que tinham razão os doutores:
 “O crime não compensa não.”

– A gente vive roubando, e quando nos pegam,
 perdemos o respeito e a própria consolação;
 O dinheiro acaba ligeiro e os sonhos são trancafiados
 Junto as grades da prisão.

José sabe que vai passar mais sete anos,
 Isso com os beneficios da progressão;
 Mas desconhece o seu futuro,
 Pois seu receio, é quando tiver que encarar de frente,
 A sociedade e os reflexos da estigmatização.

José se preocupa com seu egresso
 Pois desde que vem puxando cadeia
 Só viu os muros e a segurança aumentarem
 Como pressões à fuga e a rebelião.
 

E com isso vão distanciando,
 A tão almejada ressocialização;
 Pois esquecem que os atos devem ser primados em favor do apenado
 E não da instalação.

José soube que com a LEP,
 Apresentaram uma grande inovação;
 Instituíram a assistência ao egresso,
 Com apoio e orientação para reintegrá-lo à liberdade
 E ainda se necessário, alojamento e alimentação.

Mas como a letra é fria, é morta,
 Precisa que não só o governo, mas toda a sociedade
 A coloque em ação.
 Pois o artigo 78 prevê o “patronato”,
 Que poderá ser integrado por membros
 De qualquer entidade, grupo ou religião.

Então José faz uma apelo, para toda população;
 Para que todos se preocupem com os egressos
 em favor da própria segurança,
 Pois o Brasil está cheio
 De quem voltou a ser ladrão,
 Por falta de oportunidade
 e excesso de discriminação.

E ainda arrisca uma dica,
 que vai além dos cursos de profissionalização:
 que para as empresas que admitam ex-detentos
 seja oferecido um incentivo
 nos tributos com o leão.