Em Nova York, nesta quarta-feira (24), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso contundente em que colocou a democracia como empecilho central para o futuro da civilização humana. Ele participou da 2ª edição do evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo”, que reuniu lideranças de cerca de 30 países, entre eles o Chile e a Espanha.
Lula fez uso de uma retórica carregada de urgência, alertando que somente um regime democrático – com pluralismo, liberdade e instituições sólidas – seria capaz de restaurar a cooperação entre os Estados, enfrentar discursos de ódio e neutralizar o avanço de movimentos autoritários. “Somente a democracia será capaz de reconstruir o multilateralismo e de reconstruir a harmonia entre os seres humanos e a civilidade entre a relação dos Estados”, declarou.
Reflexão e autocrítica
Mais que uma defesa da democracia, o presidente convocou uma autocrítica interna às forças progressistas:
“O que me importa hoje é a gente responder, para nós mesmos, onde é que os democratas erraram. Qual o momento em que a esquerda errou? Por que permitimos que a extrema-direita crescesse com a força que está crescendo? É virtude deles ou é incompetência nossa?”
Ele insistiu que muitos governos de esquerda, após eleitos, acabariam cedendo a pressões externas — da mídia, do mercado financeiro ou dos adversários — em vez de manter firme compromisso com suas bases populares:
“Muitas vezes, a gente ganha as eleições com discursos de esquerda. E, quando a gente começa a governar, atende muito mais aos interesses dos nossos inimigos do que dos nossos amigos.”
Lula também ressaltou que a democracia, para resistir, precisa estar alicerçada em organização e diálogo real com a sociedade civil. Ele advertiu que se não houver interlocução transparente, se não formos claros na defesa democrática, esse vácuo será preenchido por “negacionismo, extremismo e discurso fascista”.
O evento, os parceiros e a agenda
O evento “Em Defesa da Democracia e Contra o Extremismo” foi organizado por Brasil, Chile e Espanha, com o objetivo de fortalecer diplomacias capazes de enfrentar crises institucionais, desinformação e desigualdade.
Além disso, Lula aproveitou sua agenda para defender a importância de unir pautas globais — como democracia e meio ambiente — na missão internacional que o Brasil pretende exercer nos próximos anos.
Nos últimos compromissos da viagem, além desse evento, o presidente participou de discussões sobre clima e metas ambientais vinculadas à COP30 — iniciativa que encerrou sua agenda nos EUA.
Os comentários estão fechados.