O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), votou nesta terça-feira (9) pela condenação dos oito acusados na Ação Penal (AP) 2668, que trata da tentativa de impedir a posse do governo eleito em 2022. Ele acompanhou o relator, ministro Alexandre de Moraes, mas destacou que alguns réus podem ter penas menores devido à participação considerada menos relevante.
Com o voto de Dino, já são dois posicionamentos na Primeira Turma favoráveis à condenação. O próximo a se manifestar será o ministro Luiz Fux, na manhã desta quarta-feira (10).
Crimes imputados
Assim como Moraes, Dino defendeu a condenação por organização criminosa armada, tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado. Para todos, com exceção de Alexandre Ramagem — cuja ação foi parcialmente suspensa pela Câmara dos Deputados —, também houve voto pela condenação por dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado.
Réus no julgamento
- Alexandre Ramagem, deputado federal e ex-diretor da Abin;
- Almir Garnier, ex-comandante da Marinha;
- Anderson Torres, ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança Pública do DF;
- Augusto Heleno, ex-chefe do GSI;
- Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (réu colaborador);
- Jair Bolsonaro, ex-presidente da República;
- Paulo Sérgio Nogueira, ex-ministro da Defesa;
- Walter Braga Netto, general da reserva e ex-ministro da Casa Civil e da Defesa.
Diferenciação de penas
O ministro ressaltou que as condutas de Ramagem, Augusto Heleno e Paulo Sérgio Nogueira foram mais limitadas e menos relevantes, o que pode justificar redução de pena. Ele citou o artigo 29 do Código Penal, que permite atenuar a punição conforme a culpabilidade individual.
Argumentos do voto
Dino afirmou que o julgamento segue critérios técnicos e não tem caráter político, lembrando que o STF investiga parlamentares de diferentes partidos. Ele reconheceu pressões externas, mas reforçou que não afetam sua análise.
O ministro também rejeitou a tese de que os atos descritos pela Procuradoria-Geral da República seriam meros preparativos. Para ele, houve efetiva execução, caracterizada por violência e grave ameaça, como:
- invasão da Praça dos Três Poderes e da Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro de 2023;
- rompimento de barreiras policiais;
- acampamentos em frente a quartéis;
- ameaças de descumprimento de ordens judiciais;
- desfiles de tanques;
- bloqueios de rodovias federais;
- ataques à sede da Polícia Federal.
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