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Justiça do Rio aprova propostas para agilizar julgamentos

Desembargadores das Câmaras Cíveis do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro aprovaram neste fim de semana, em Angra dos Reis, 20 propostas de enunciados que vão ajudar a agilizar o julgamento dos processos. O objetivo é uniformizar o entendimento sobre temas polêmicos que dividem as opiniões dos magistrados. As propostas ainda serão aprovadas pelo Órgão Especial do TJRJ.

Algumas delas afetam diretamente a vida do consumidor, como a que prevê que as seguradoras de saúde devem arcar com todos os custos para a implantação do stent – estrutura tubular metálica que visa melhorar o desempenho das artérias coronarianas. As empresas resistem em fornecer a peça, que no Brasil pode custar até R$ 15 mil, por entenderem que o procedimento médico configuraria a implantação de prótese. No entanto, por 82 votos a 3, os desembargadores definiram que prótese é somente aquilo que substitui órgão do corpo humano, o que, segundo eles, não é o caso do stent.

Outra medida, aprovada por 88 votos a 5, estabelece que o juiz em sua sentença pode impor ao Estado e aos Municípios a obrigação de entregar medicamentos necessários a tratamento de doença e inclusive substituí-los, se esses se tornarem ineficazes. A decisão ataca a posição adotada por algumas secretarias de saúde de não quererem entregar remédios mais modernos que não estejam em seu estoque.

Divididos em sete grupos, os desembargadores debateram também a reforma processual. A maioria das deliberações está ligada às recentes mudanças no processo de execução cível.

“Embora não tenha um caráter vinculante, ou seja, nenhum dos magistrados esteja obrigado a segui-la, a súmula serve de rumo ao julgador e aos advogados, indicando o entendimento do Tribunal sobre determinado assunto”, explicou o diretor-geral do Centro de Estudos e Debates do Tribunal de Justiça (Cedes), desembargador Walter Felippe D’Agostino.

O desembargador citou, ainda, duas vantagens imediatas na uniformização da jurisprudência: julgamento mais rápido dos processos – o próprio relator pode decidir monocraticamente – e a segurança jurídica, com uma previsibilidade maior dos resultados dos julgamentos. “Isso tudo tem reflexo não só na segunda instância como na primeira, inibindo o ajuizamento de novas ações sobre matéria já sumulada”, afirmou.

No mesmo encontro, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Sergio Cavalieri, apresentou relatório sobre a produtividade e as realizações da administração relativas à sua gestão. Cavalieri mostrou que o número de processos distribuídos vem aumentando ano após ano, exigindo atuação eficiente do Judiciário.

Em 2004, o Poder Judiciário estadual recebeu 1.107.160 novas ações e julgou 753.764, equivalente a 68% do total. Já no ano passado, os números subiram para, respectivamente, 1.178.647 e 900.233, atingindo um percentual de 76%. “Este é um resultado prático, efetivo, incontestável do que está acontecendo na Justiça fluminense”, ressaltou o presidente do TJRJ.

Segundo Cavalieri, os indicadores continuam subindo. De janeiro a maio de 2005, foram recebidos 363.842 processos e julgados 325.030. No mesmo período deste ano, o Judiciário recebeu 497.217 e sentenciou 428.619. A atuação dos juízes leigos nos Juizados Especiais Cíveis foi outro ponto destacado. De janeiro a maio deste ano, eles realizaram 35.036 audiências de conciliação e prepararam 27.663 projetos de sentença.

O presidente do TJRJ atribuiu o aumento da produtividade a mudanças administrativas, como a redistribuição de trabalho de acordo com a demanda, com a criação de novas varas e a mudança de varas de uma especialidade para outra; e a adesão de juízes e desembargadores à proposta de melhoria do Judiciário.