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A crise dos valores morais

No mundo capitalista atual onde o consumismo, a riqueza e o poder imperam, ocorre uma inversão e conseqüente crise dos valores criando a necessidade de um retorno à ética. Ideologicamente a ética não mais apresenta os seres humanos reunidos em torno de idéias e práticas positivas de liberdade, igualdade e felicidade. Ela os reúne pelo consenso sobre as enfermidades, considerando a modernidade, através de sua racionalidade, a culpada pelo mal da sociedade cabendo tratá-la como mistificação totalitária.

A violência que se implanta para defesa da ordem, imposta pelos déspotas das classes dominantes, ao reprimir as classes desprivilegiadas não tem como fundamento o direito mas a vigência do poder de classe estabelecido. Desta forma, ordem social além da repressão, implica uma violência pela discriminação que hierarquiza, exclui e inverte o disposto na norma para favorecer a raça ou o gênero dos privilegiados.

No Brasil o significado de repressão tem sido, justamente, a defesa da ordem. A violência institucionalizada tem como vítima os mais pobres. Todo esse processo de violência constante, é coberto por um mito fundador cuja elaboração remonta ao período de seu descobrimento.

Este mito é exatamente o da não-violência, cristalizado por crenças interiorizadas que explicam a realidade de uma forma distorcida, ou seja, transfere a resolução dos conflitos e contradições para um aspecto simbólico e utópico que torna suportável e justificável a realidade.Esta visão utópica e milenarista têm um fundamento forte de que o governante da as ordens em favor de Deus, como representante de Deus junto ao povo. Com isso o mito conseguiu se manter em meio à realidade violenta, criando as explicações para negá-las quando forem aceitas.

Com o advento da tecnologia as pessoas passam a não ter mais valor material, muito menos econômico para o pequeno número autoritário que detêm o poder. O autoritarismo está tão intrinsecamente vinculado e assimilado nas pessoas que a ideologia invertida, recheada de violência de todos os tipos, é aceita e apoiada por toda uma sociedade alienada e desavisada do caos em que se encontra.

Os mecanismos ideológicos da exclusão, da distinção, o jurídico, o sociológico e o da inversão do real, passam despercebidos pela sociedade. Uma vez que, a violência que se alastra rapidamente com seus tentáculos presos aos diversos ramos políticos, econômicos e sociais do capitalismo são tidos como naturais por expressar a ordem e a harmonia social em detrimento dos acontecimentos nocivos e “esporádicos” que prejudicam a vida social.

Assim sendo, está evidenciada uma crise de valores morais impregnada na sociedade moderna, ou seja, os indivíduos perderam o discernimento da moralidade e da ética que garantem a interiorização do respeito. Os comportamentos violentos e atitudes transgressoras das normas fazem com que a finalidade da ética seja desvirtuada, uma vez que, para alcançar a finalidade do comportamento ético (a virtude e o bem) os meios utilizados necessariamente precisam ser bons e virtuosos, sem os quais não há ética.