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Juízes avaliam que corrupção é principal obstáculo para desenvolvimento do país

Uma pesquisa da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) com cerca de 3 mil juízes mostra que cerca de 90% deles consideraram a corrupção como um obstáculo “muito importante” para o crescimento da nação. “É muito correto que o juiz tenha a compreensão de que a corrupção seja um dos grandes problemas do Brasil, porque ela desvia recursos que iriam para uma população carente e sofrida”, avaliou o presidente da AMB, Rodrigo Collaço, em entrevista à Agência Brasil.

A carga tributária no país é outro fator que impede o desenvolvimento da nação, na avaliação dos magistrados, assim como o nível educacional da população. Mais de 87% dos juízes entrevistados destacaram a tributação como um empecilho “muito importante”. Quase 85% consideraram a educação como um dos grandes obstáculos.

A impunidade também está entre os maiores empecilhos ao desenvolvimento para quase 80% dos entrevistados. Esses fatores são considerados mais importantes do que, por exemplo, a morosidade do Judiciário e as dificuldades de acesso à Justiça.

“Temos hoje o exemplo da China, como um dos países em desenvolvimento. Ela tem um Poder Judiciário precaríssimo e nem por isso deixa de se desenvolver”, comentou Collaço. “Nenhum empresário deixa de investir no país porque o processo judiciário é moroso. Mas nem por isso nos conformamos com a morosidade.”

A pesquisa foi coordenada pela cientista política Maria Tereza Sadek, da Universidade de São Paulo (USP), e será debatida até o próximo sábado (18) no 19º Congresso Brasileiro dos Magistrados, em Curitiba (PR).

Veja a seguir a tabela que mostra a opinião dos magistrados sobre os entraves ao desenvolvimento do país:

EntravesMuito importante (%)Importante (%)Indiferente (%)Sem importância (%)Sem opinião (%)
Corrupção     90,9     7,6     0,3      0,3      1,0 
Carga tributária     87,2      10,3      0,7      0,6      1,2 
Nível educacional da população       84,8      12,9      0,8      0,3      1,2 
Impunidade     79,7      16,6      2,0      0,8      0,9 
Taxas de juros elevadas     76,0      19,8      1,9      0,9      1,4 
Segurança pública precária      74,9      21,6      1,8      0,7      1,0 
Má distribuição de renda     70,6      24,1     2,1      1,6      1,6 
Exigências burocráticas     67,9     26,4     2,9     1,0      1,7 
Instabilidade legislativa      63,9      30,1      2,4      1,6      2,0 
Falta de investimento em infra-estrutura de transporte       63,3      31,1      3,3      0,7      1,6 
Instabilidade política      62,9      29,8      3,1      2,2      1,9 
Excesso de recursos judiciais      59,8     28,6      6,3      4,2      1,1 
Falta de investimento em infra-estrutura de energia      56,9      35,3     4,2      1,5      2,1 
Déficit previdenciário      47,6      33,6      10,1      6,5      2,2 
Morosidade do judiciário      43,4      43,7      7,4      4,3      1,2 
Falta de garantias e respeito às cláusulas contratuais     36,4      44,9     10,8     5,8      2,0 
Percepções negativas sobre atividades empreendedoras      32,9      43,1      12,6      4,2      7,1 
Dificuldades de acesso à justiça      32,4      40,5      13,9      11,3      1,9 
Custas judiciais      28,0      35,0      19,0      16,4      1,7 
Número excessivo de funcionários públicos     23,4     33,2     22,1     18,4     2,9 
Legislação trabalhista     22,3      42,3      14,6      17,1      3,6 
Legislação ambiental      13,4     35,3      22,8      24,8      3,7 
Extensão do papel do MP      13,3      22,9      27,2      33,3      3,3 

Fonte: Pesquisa AMB 2006