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Cientista político diz que país só reduzirá corrupção com compromisso de lideranças

A redução da corrupção no Brasil só será possível quando houver um compromisso de lideranças dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário – e da sociedade. A afirmação é do cientista político Flávio Testa, professor da Universidade de Brasília, Flávio Testa, sobre o 70º lugar do país no relatório Índice de Percepção de Corrupção 2006, divulgado pela Transparência Internacional.

O Brasil, segundo Testa, está longe de firmar esse compromisso, que só ocorreria por meio de “uma intensa pressão da sociedade sobre suas lideranças”. Entre os brasileiros, afirmou, existe uma “pobreza política” que afasta qualquer possibilidade de se realizar um pacto efetivo entre os três poderes para o combate a corrupção.

“A pobreza política no Brasil é um fenômeno assustador. Por pobreza política entenda-se o compromisso das pessoas com o futuro do país. Elas estão muito mais preocupadas com o dia-a-dia, em sobreviver, e não com o futuro do Brasil, o que é um problema muito sério”, ressaltou.

O professor reconheceu os esforços desenvolvidos nos últimos anos por instituições como a Polícia Federal e o Ministério Público no combate à corrupção. Entretanto, disse serem ações pontuais que não chegam à raiz do problema. Na avaliação de Testa, a morosidade da Justiça no julgamento de ações, especialmente as que tratam de “crimes do colarinho branco”, e a falta de estrutura gerencial para se combater a corrupção, levam à população o sentimento de que “não há Justiça no Brasil”.

Ele lembrou ainda que, segundo estatísticas, do total de recursos enviados para o exterior oriundos da corrupção apenas 3% são repatriados: “Quando você vê uma denúncia de que 400 milhões de dólares foram depositados na conta de um determinado político, a pergunta que se faz é quantos bilhões ficaram pelo caminho para que aquela quantia chegasse numa determinada conta. Por isso acho que a corrupção tende a crescer no Brasil, apesar de todo o combate, porque não se faz justiça”.