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Decifração

Passamos anos a fio em nossa existência na decifração do mundo, realizamos a leitura de símbolos, gestos, palavras, frases, expressões e tudo mais que aparecem em nossa frente com faces, trejeitos e até significativos silêncios.

Em verdade, toda estória (eivada de nossa visão e versão) e história humana desde seu nascimento e até a morte se traduz em um enorme texto. E, quando suspiramos, temos ainda as reticências…

Que muito dizem, apenas não dizendo…

Mas a leitura é apenas fase preliminar ao entendimento que sempre requer interpretação. Hoje em dia é muito comum, infelizmente haver um grande número de analfabetos funcionais, isto é, aqueles que apesar de lerem não conseguem entender o que leram.

Quem lê e não entende está apartado do mundo real e filtra nas reações alheias a pauta de sua conduta. E, muitas vezes, permanece equivocado e inseguro( isso sem contar, infeliz).

Quem faz a plena leitura do mundo que lhe cerca tem maiores chances de conseguir aquilo que quer. Mas, nem sempre significa ter sucesso, pois as narrativas das oportunidades podem seguir um ritmo muito vigoroso para se acompanhar.

O mundo contemporâneo nutre enfaticamente relações dotadas de extrema competitividade embora com pouca ética.

A maioria das artes como pintura, escultura, dança, música e principalmente a literatura narram histórias que muito nos revelam sobre dramas, romances, revoluções, ascenção e decadências de grupos sociais e ideologias.

Contam sobre a humanidade e de sua evolução, mas também a fé precisa ser interpretada e, o curioso que antes de haver os livros sagrados, os feiticeiros, religiosos e profetas liam as mensagens divinas nas vísceras dos animas, nas borras de café, nas folhas caídas do outono.

Ouviam os oráculos e liam os sinais da natureza.

Há ainda as cartomantes, ciganas, xamãs que são capazes de ler o futuro nas cartas, nos búzios, nas runas, nas linhas da mão, no copo-dágua, na bola de cristal e principalmente nos olhos de seu consulente.

Embora seja o futuro muito importante, o fundamental é ler o presente e participar como sujeito e não como objeto.

Portanto, precisamos exercitar a arte e o hábito da decifração para que se possa ler o mundo seja para concordar ou não, para entedê-lo ou não, mas sobretudo sobreviver com dignidade, idilicamente lutando para captar as inúmeras mensagens que nos tocam e nos inclui na história do mundo.

Por isso, desejo a todos boas e proveitosas leituras e que se tornem cada vez mais argutas nossas percepções do mundo e das pessoas, lembrando que então, estas terão processado também a nossa decifração.