Amazônia, os recifes de corais e as florestas temperadas do Chile são alguns dos 10 “maravilhas naturais” que têm sua existência ameaçada até 2050 por mudanças climáticas, segundo relatório divulgado hoje (5) pela organização ambientalista WWF. A pesquisa “Salvando as Maravilhas Naturais do Mundo de Mudanças Climáticas” foi divulgada a um dia do parecer do Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Nações Unidas (ONU).
No Brasil, a pesquisa da WWF indica que o aumento de temperatura na região Amazônica aliado à redução do regime de chuvas pode comprometer a umidade na região e transformar em cerrado de 30 a 60% da floresta. A previsão é que até 2050 a temperatura na Amazônia aumente entre 2 e 3º C. Essas mudanças podem afetar a biodiversidade, a disponibilidade de recursos naturais como a água e também a saúde humana, segundo o diretor de conservação da WWF, Carlos Alberto de Matos Scaramuza.
As mudanças climáticas também podem diminuir a produção agrícola, segundo o estudo. “O café, por exemplo, produzido no Brasil principalmente em São Paulo e Minas Gerais pode ter a área de cultivo reduzida com o aumento de temperatura como está previsto”, ressalta Scaramuza. “Mudanças no padrões de chuva e temperatura certamente inviabilizam certo tipos de culturas em determinadas regiões”.
Para evitar esse acontecimentos, o diretor da WWF disse que os governos devem se preocupar em reduzir a emissão de gases poluentes, formados principalmente a partir da queima do petróleo, o desmatamento e as queimadas. Os incêndios florestais são um grande problema nas florestas da Valdívia no Chile e na Argentina; e o desmatamento no Brasil. Pesquisa da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) aponta que o Brasil é responsável por cerca de 74% de toda área desmatada na América do Sul.
A população tem um papel para evitar os efeitos negativos das transformações climáticas. Scaramuza recomenda que as pessoas utilizem em casa lâmpadas fluorescentes em vez das incandescentes e busquem substituir os carros por meios de transportes coletivos como ônibus, e alternativos como bicicletas.
O aquecimento global, de acordo com o estudo, já afeta as geleiras do Himalaia, que estão derretendo a uma taxa média de 10 metros por ano. “O derretimento causa problemas para as comunidade que dependem da água do derretida nas estações de seca. Essas alteração implicam impacto sobre a biodiversidade, até porque afetam o nível de água doce nos rios ”, explicou Scaramuza.
Na Índia, o mangue Sundarban, habitado por uma variedade de animais, como o tigre de Bengala, corre o risco de desaparecer se o nível do mar começar a subir e as tempestades, na maioria das vezes violentas, se tornem mais fortes. A previsão da relatório da WWF é que até 2020 15% de 12 ilhas identificadas como vulneráveis na região do delta desapareçam, afetando mais de um milhão de pessoas.
As dez “maravilhas” que sofrem risco, segundo o WWF, são: floresta amazônica; geleiras do Himalaia; mangue Sundarban, na Índia; deserto Chihuahua, no México; as tartarugas gigantes no Caribe; rio Yangtze, na China; mar Bering, no Alaska; florestas do sudeste africano; ecossistema marinho do sudeste africano; e recifes de corais no Oceano Pacífico e Caribe.