O economista do Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas (FGV) Marcelo Néri acredita que a educação e a violência têm uma relação estreita. Segundo ele, tanto a falta de oportunidades na educação pode levar um jovem à criminalidade, quanto o excesso de violência pode afastar o adolescente da escola.
“A violência na escola afeta o desempenho, a freqüência, o atraso e o aprendizado. E, ao deteriorar essas variáveis, acaba criando um terreno fértil para a vida criminosa. Violência gera violência. Violência atrapalha o estudo e a falta de estudo, de alguma forma, impacta na violência, no futuro”, disse.
O estudo Mapa da Violência nos Municípios Brasileiros, divulgado nesta semana, pela Organização dos Estados Ibero-Americanos para a Educação, a Ciência e a Cultura (OEI), mostra que jovens de 15 a 24 anos são as maiores vítimas de armas de fogo no país.
Levantamento feito pela Fundação Getúlio Vargas, com base em questionários do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) de 2003, mostra que mais de 47% dos diretores de escolas brasileiras já presenciaram agressões verbais de alunos a professores e mais de 26% já viram estudantes se agredirem fisicamente. Além disso, um entre cada cinco diretores viu ação de gangues no entorno das escolas.
Os dados compilados pela Fundação Getúlio Vargas mostram ainda que 27% dos diretores de escolas presenciaram tráfico de drogas no entorno dos estabelecimentos de ensino e 7% já viram a ocorrência dentro da escola. Assim como o porte de arma de fogo já foi presenciado por 4% dos diretores e o porte de arma branca, por 17%.
O questionário do Saeb, respondido pelos diretores de ensino fundamental e médio, mostra ainda a existência de casos de atentados contra a vida dentro da escola: 2,3% já presenciaram atentados contra professores por agentes internos da escola, 3,7% atentado contra alunos por agentes externos e 1,8% atentado contra alunos por agentes internos.