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Relação entre mídia e Justiça precisa mudar, diz ministro Pádua Ribeiro

O ministro do STJ e corregedor nacional de Justiça, Antônio de Pádua Ribeiro, disse ontem que magistrados precisam abandonar o “encastelamento” e jornalistas serem menos deslumbrados com o furo. A reflexão do ministro mereceu destaque na edição de hoje do Diário de Pernambuco, na cobertura do seminário que celebrou os 180 anos de existência do jornal. Leia a íntegra da matéria a seguir.

“A relação entre o Poder Judiciário e a Imprensa, com todas as suas falhas e avanços, foi o tema priorizado, ontem, pelo ministro do STJ Antônio de Pádua Ribeiro. O magistrado falou sobre a necessidade de mudança no relacionamento entre os meios de comunicação e a Justiça com o alerta de que este processo deve ser pautado, acima de tudo, pelo interesse público.

De acordo com o ministro Pádua Ribeiro, o Judiciário não é uma ‘caixa preta’, mas precisa se esforçar para quebrar este rótulo, de maneira que os seus representantes abandonem o ‘encastelamento’ e se apresentem de forma mais transparente. Do lado dos jornalistas, o ministro cobrou menos deslumbre com o furo e condenou aqueles que, se aproveitando das brechas permitidas pelas lacunas das instituições, ocupam o papel de juiz e, algumas vezes, de ‘carrasco’.

Segundo o ministro Pádua, os jornalistas consideram que o principal entrave com o Judiciário é a dificuldade de acesso. Os magistrados não só usam a linguagem rebuscada como limitam a divulgação de informações, o que só é justificado, para o ministro, se o caso exigir segredo de Justiça. ‘O jornalista acha que o Judiciário é o Poder que mais sonega informação’, lamentou, acrescentando estar confiante na mudança desse quadro.

Ainda de acordo com ele, não só os magistrados como os jornalistas precisam ter cuidado com a manipulação política e financeira. Para ele, os dois tipos de profissionais vivem em mundos incompatíveis com sua renda e não podem cair em armadilhas com ‘benefícios ocasionais’. ‘A tenra democracia brasileira precisa que cada um cumpra seu dever na sua esfera de atuação. É preciso que nos dediquemos ao exercício da simplicidade’”.