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A estratégica aproximação comercial entre os dois gigantes da Àsia e da América do Sul

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva realizou neste mês de maio uma importante viagem de negócios para a China, objetivando tornar mais estreitos os laços comerciais entre estes dois gigantes. De fato foi um grande acontecimento, principalmente nas proporções com que se realizou. Contudo, é importante analisar alguns pontos entre os dois países que muitas vezes não são tratados com muita propriedade pela imprensa, não porque esta não tenha competência para tanto, mas por uma série de razões políticas, isto é, certas informações são omitidas ou “maquiadas” para manipular a opinião pública.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Armando Monteiro Neto, afirmou ser Brasil-China uma parceria de sucesso e que há enorme potencial a ser explorado nas relações entre os dois países. Ele destacou que as pautas de intercâmbio comercial ainda são pouco diversificadas e que há espaço para ampliar as exportações para a China, tanto em produtos básicos como em manufaturados. Ele concluiu seu discurso no seminário Brasil-China, no dia 26 de maio, dizendo que a China deve examinar com atenção as oportunidades de investimentos no Brasil. Ele falou também sobre as disposições da CNI em apoiar empresas brasileiras interessadas no mercado chinês e companhias chinesas que quiserem desenvolver parcerias no Brasil.

É claro que as relações comerciais entre Brasil e China são de suma importância para ambas as economias, afinal de contas as nações em questão dispõem de invejáveis mercados consumidores. Além disso, na pauta de grandes importadores de produtos brasileiros a China foi a terceira colocada em 2003, ficando atrás somente dos Estados Unidos e da Argentina, respectivamente.

No entanto, tendo em vista a difícil situação sócio-econômica brasileira, não se pode encarar o fato como se fosse o milagre que tirará o Brasil da lama. Esse tipo de declaração que tem sido divulgada na imprensa só serve para inflar as expectativas do povo, que se frustram a todo o instante devido ao descumprimento dos compromissos eleitorais de Lula.

Outras questões a serem avaliadas são a presença do Partido Comunista Chinês governando o país e as tão faladas violações aos direitos humanos na China. Fatos como estes poderiam abrir desconfianças de que poderia estar havendo uma aproximação entre o governo brasileiro e a ideologia comunista que é empregada na política dos chineses. Porém, apesar disso, as declarações de Lula têm deixado claro que a aproximação não tange os aspectos políticos, mas somente os mercadológicos, tendo em vista que a China, na esfera econômica, é capitalista e, diga-se de passagem, extremamente competente na economia de mercado.

Após o término da viagem de negócios à China, a conclusão é de que o resultado não poderia ter sido melhor. Segundo o próprio porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores os dois países decidiram aprofundar suas relações. A China pretende quadruplicar o volume de comércio com o Brasil nos próximos anos, declarou o porta-voz do governo de Pequim.Mas os êxitos não param por aí. O governo chinês está disposto a aumentar o comércio e os investimentos nos países em desenvolvimento, como forma de contribuir para a erradicação da pobreza. Lula anunciou que proporá em setembro a criação de um “grupo de trabalho contra a fome e a pobreza” no âmbito das Nações Unidas. Mostra-se aí mais um vínculo entre os dois países, que são considerados exemplos práticos na potencial luta contra a pobreza.

Além disso, Lula pretende atrair a China e a Rússia para integrar o G-3, grupo que reúne o Brasil, a Índia e a África do Sul, para construir um bloco econômico que não tenha apenas aspirações comerciais, mas também numa agenda política mais ampla, incluindo a reforma da ONU, onde o Brasil almeja o tão sonhado assento. O objetivo econômico do Brasil na formação do Bloco Econômico é integrar os grandes países em desenvolvimento para criar uma “nova geografia comercial”.

Para atingir seus objetivos, o governo brasileiro terá uma árdua trajetória. Não apenas o Brasil, mas países de todo o mundo disputam o mercado chinês, o qual tem mostrado preferência em negociar um acordo de livre comércio com os países da Associação das Nações do Sudeste da Ásia (Asean). Entretanto, a idéia de integrar a China ao G-3 não deve ser descartada, tendo em vista o grande êxito das recentes negociações entre as nações chinesa e brasileira. Dessa vez o governo brasileiro acertou. Palmas para o Lula!