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Althoff: caos serve à má-fé de alguns dirigentes

Em depoimento à CPI do Futebol, o presidente da Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro (Fferj), Eduardo Viana, voltou a negar pedido para que abra mão dos seus sigilos bancário e fiscal e da entidade. Pela dificuldade de obter documentos da federação, o relator da CPI, senador Geraldo Althoff (PFL-SC), apresentou requerimento para que o dirigente seja ouvido oportunamente, quando a CPI conseguir analisar a documentação.

– Vamos ter acesso aos documentos. Vamos contar com a colaboração do Poder Judiciário deste país – disse Althoff.

O relator reclamou da dificuldade de obter informações da Federação de Futebol do Rio, que entrou com ações junto ao Supremo Tribunal Federal (STF) suspendendo a quebra de seus sigilos bancário e fiscal pela CPI. Além disso, o relator revelou que a federação só entregou os livros-razão (que registram a movimentação contábil) no dia anterior ao depoimento de Viana e, ainda assim, faltando páginas e informações importantes.

– É claro que é direito do cidadão impedir o acesso a suas informações. Mas há a questão de direito e a questão ética. Não é postura ética recomendável esconder atos praticados em nome de uma imensa coletividade – afirmou o presidente da CPI, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), para quem a desorganização do futebol brasileiro “tem origem e objetivos”.

Nesse sentido, Althoff afirmou que é interesse dos dirigentes que a administração do futebol seja desorganizada. Para ele, o “caos administrativo” não é motivado apenas pela incompetência dos dirigentes, mas pela má-fé de alguns deles.

– Queremos que a administração do futebol seja transparente, evitando desvio de dinheiro dos cofres públicos. Observamos regimes presidencialistas e até feudais nos clubes e nas federações de futebol – afirmou Althoff.

Viana, que está há 16 anos à frente da Fferj, negou estar apresentando obstáculos à CPI. Ele afirmou que apelou ao STF para evitar a quebra dos sigilos bancário e fiscal por decisão da assembléia da entidade. Também explicou não ter remetido antes os livros-razão da federação porque recebeu a solicitação da CPI apenas no mês de maio.

– Não dispúnhamos de suporte técnico nem tempo hábil para selecionar os livros. Por isso a documentação veio falha – justificou Viana, que prometeu entregar as informações completas.

O dirigente disse ainda que a situação da Federação Paulista de Futebol é melhor que a da Fferj porque os contratos com emissoras de televisão em São Paulo são mais lucrativos que no Rio. Enquanto a Federação do Rio fechou contrato de R$ 6 milhões com a TV Globo para a transmissão do campeonato regional, a Federação Paulista conseguiu um contrato de R$ 42 milhões, já que os patrocinadores também pagam mais caro por uma inserção publicitária na TV. Ele denunciou ainda que a Rede Globo pratica dumping na compra dos direitos de transmissão de jogos de futebol.

– A CPI só existe em função da anarquia e da corrupção visível na administração do futebol, que pode ser uma importante atividade econômica e social do nosso país – afirmou Álvaro Dias ao final do depoimento.