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ACM renuncia com críticas ao governo

Ao renunciar há pouco ao seu mandato de senador, Antonio Carlos Magalhães anunciou que pretende retornar ao Congresso Nacional após as próximas eleições. “Deixo-os antes da punhalada final”, disse ele aos senadores que lotavam o Plenário. “Esta é a minha segunda Casa e dela só saio temporariamente”.

Ele se disse vítima de um “torpe processo de linchamento político” e acusou o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado – que investigava sua participação no episódio da violação do painel eletrônico – de não ter buscado a justiça, mas uma condenação politicamente conveniente. “Acham que decidem meu destino, mas quem decide meu destino é a Bahia”, afirmou.

O discurso de renúncia conteve duras críticas ao governo. O senador disse que a política econômica levou ao aumento do desemprego, da carga tributária e da dívida pública, “que se multiplica de maneira a tornar o país economicamente inviável”.

Lembrou ainda que o presidente Fernando Henrique Cardoso teve acesso a relatórios que mostravam a necessidade de investimentos em energia elétrica, que evitassem a atual crise energética. “Lamento que a sociedade tenha que pagar preço tão elevado pela omissão e pela imprevidência dos que hoje nos governam”, afirmou.

De acordo com Antonio Carlos, pior do que a crise energética é o que chamou de “apagão moral” do país. “Esse apagão infelizmente ocorre com a leniência do governo, que tem feito pouco para apurar desvios de verbas públicas”, apontou. O senador questionou a quem interessaria silenciar a sua voz, que disse estar “sempre sintonizada com os anseios do Brasil”.

– A quem interessa meu sacrifício, aos que denunciei? Aos que jamais me perdoaram pelo crime de lutar contra as desigualdades regionais? A quem interessa a minha cremação política? – perguntou.

O senador lembrou ter enfrentado resistências para a instalação da CPI do Judiciário. E questionou por que haveria tanto medo de investigações de irregularidades no governo. “As investigações não devem ser de rotina, mas quando necessário torna-se obrigação promovê-las”, sugeriu.