A afirmação do funcionário do Prodasen Ivar Alves Ferreira de que o senador José Roberto Arruda fez um “pedido”, e não “deu uma ordem”, para que a ex-diretora do órgão Regina Borges violasse o painel eletrônico provocou debate durante o depoimento do técnico ao Conselho de Ética e Decoro Parlamentar do Senado. Em resposta ao senador Osmar Dias (PSDB-PR), Ivar, que é marido de Regina, disse que “não houve coação” por parte de Arruda. O senador teria dito à então diretora do Prodasen estar agindo em nome do então presidente do Senado Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) para que fosse obtida lista da votação secreta da sessão de 28 de junho, na qual foi cassado o senador Luiz Estevão (PMDB-DF).
Segundo Ivar, embora Arruda tenha “pedido” a lista, Regina entendeu a sugestão como uma ordem, até porque a origem da demanda seria Antonio Carlos. Por essa razão, a então diretora do Prodasen teria dito a Arruda que sairia do apartamento dele – onde esteve na noite de 27 de junho, por convocação do próprio líder do governo – “para cumprir uma ordem”.
– Acho que foi um pedido que ela não teve como recusar – disse Ivar, em resposta a Marluce Pinto (PMDB-RR).
– Estranho a generosidade dela. Se ela recebesse um pedido para se demitir do Prodasen, certamente não teria cumprido – questionou Osmar Dias.
A questão da autoria intelectual da violação também foi abordada por Ivar em resposta a indagações feitas pelo relator do caso no Conselho, senador Roberto Saturnino (PSB-RJ). De acordo com o funcionário do Prodasen, Regina disse a todos os participantes da operação de levantamento dos votos – com exceção do prestador de serviços Sebastião Gazolla – que Arruda falara em nome de Antonio Carlos.
– Foi um alívio saber que estávamos cumprindo ordem do presidente da Casa. Eu pensava que tudo isso ia passar e que eu jamais pensaria nisso novamente – disse Ivar, que estava em casa quando Antonio Carlos ligou para Regina, acusando o recebimento da lista. No dia em que, preocupada com as notícias dando conta da violação, foi encontrar-se com Antonio Carlos, Regina comunicou a visita a Ivar.
Em resposta a Marina Silva (PT-AC), o funcionário contou que não foi firme na tentativa de demover a esposa da decisão de violar o painel, já que ela estava muito angustiada, além de fragilizada em função de cirurgia recém-realizada.
Vários senadores, incluindo Casildo Maldaner (PMDB-SC) e o presidente do Conselho, Ramez Tebet (PMDB-MS), questionaram Ivar sobre a possibilidade de recuperação dos dados que geraram a lista de votos entregue a Antonio Carlos. Ele explicou que não restou nenhum registro eletrônico da lista ou do disquete de modificação do programa do painel de votação.
Geraldo Althoff (PFL-SC) e Marina Silva estranharam o fato de Ivar e Regina não terem lido a lista dos votos. Ivar respondeu que essa foi uma decisão combinada pelos participantes da violação.