No mês de junho de 1992, o Rio de Janeiro se transformou na capital mundial da ecologia ao ser a sede, por escolha da ONU, a “Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento”. Esse evento teve por objetivo elaborar estratégias e medidas que interrompam e revertam os efeitos da degradação ambiental em todo o mundo e promovam o desenvolvimento auto-sustentado. Foi o primeiro encontro do gênero, embora a ONU tenha promovido, em Estocolmo, uma conferência sobre Ambiente em 1972. Noticia-se que participaram da Conferência mais de 70 chefes de Estado ou do Governo, 170 delegações governamentais de todo o mundo, 50 delegações intergovernamentais, como a UNESCO e a OEA, e cerca de 3,5 mil jornalistas. Dentre os documentos colocados em debate figuraram a proteção da atmosfera (que inclui as mudanças climáticas, a destruição da camada de ozônio, o desmatamento, etc), a preservação da vida nos oceanos e as questões institucionais que dizem respeito a esses assuntos. Desse evento resultarão convenções internacionais, protocolos e um documento chamado “Carta da Terra”, uma declaração dos princípios básicos a serem seguidos por todos os povos do Planeta com respeito ao meio ambiente e ao desenvolvimento, além de um plano de ação detalhado, chamado Agenda 21, com as metas para o período pós-1992 e início do século 21. O futuro do planeta, com esse acontecimento, foi amplamente debatido e inúmeras reflexões sobre o bem-estar do ser humano e sua felicidade nesta Terra estiveram presentes e oxalá surjam soluções que contribuam para transformar esse mal-chamado “vale de lágrimas”, em vale de venturas e alegrias para todos os povos que aqui habitam. As ações humanas obedecem a agentes mentais que são causas das atitudes, conduta e comportamento do ser no caminhar neste planeta e os efeitos desses entes causais interferem negativamente ou positivamente, se for o caso, no meio ambiente. O que acontece e o que aconteceu sempre em todos os momentos cruciais da história humana – no entender do humanista GONZÁLEZ PECOTCHE – é que o homem não consegue se encontrar e, muito menos, completar a sua vida com aquilo que lhe falta. Daí que se chamou ao ser humano ente imperfeito, porque requer se aperfeiçoar, vale dizer, chegar a se completar, pois não é mais que um fragmento de uma figura que é necessário terminar. Isto sucede em todos; – continua o referido humanista – sejam ricos ou pobres, belos ou feios. Uns têm o que a outros falta, e o que a uns falta outros o têm; e assim sucessivamente. Mas o grande assunto reside em que ninguém quer dar a outro o que tem, porque pretende que o que tem é melhor que o que a ele lhe falta e outro tem. É neste verdadeiro labirinto de cotizações dos fragmentos humanos onde se encontra a causa maior de todas as dissensões, e, por sua vez, de onde parte a equivocada posição de todos os seres, sem exceção, a que se poderia definir com uma só palavra: incompreensão. Isto se agrava ainda pelo fato de que os homens, por momentos, compreendem uma coisa, e, depois, manifestam ignorá-la ou não compreendê-la; e não havendo segurança nas ações ou nos pensamentos, não perdurando o que deve ser permanente, a desconfiança toma corpo e se estende como algo contagioso por todas as partes. Porém há mais todavia; muitos prestaram ou deram ao semelhante o que a este lhe faltava e a eles sobrava, mas finalmente, por qualquer circunstância, uma passageira desavença, por exemplo, se volta a tirar, deixando-o outra vez, senão mais incompleto, pelo menos falto dessa peça que lhe era tão necessária. E assim vem marchando a humanidade: dando e tirando sem chegar a se completar nunca. Não existiu, por certo, – adverte o citado pensador – palavra alguma que recorrendo todos os âmbitos do mundo ensinasse aos homens estas verdades, razão pela qual sobrevêm tantas calamidades nele, onde hoje como ontem, como desde o princípio, desde seus primeiros albores, estamos habitando. Nada positivo, nada permanente nesta terra, enquanto não se fixe no ser humano o verdadeiro conceito do eterno; e o eterno é o que não muda; o único que não deve mudar; aquilo que cada um consagra dentro de si mesmo como bom, como justo, como belo. Quando os seres humanos se aproximam mutuamente, o fazem atraídos por influência simpática ou afinidade – o mesmo digo de homens como de povos -, e, durante o primeiro tempo, uns a outros se prodigam afeto, respeito e os melhores desejos. Mas isto não dura muito e sobrevém o inevitável: o distanciamento. Voltam, então, a se separar, impondo-se entre eles distâncias que antes não existiam, pois não foram capazes de conservar o que em um momento apreciaram justo, natural, agradável ou necessário. Há de se perguntar: o que a conduta humana tem a ver com a poluição ambiental. Ora, o homem com seu comportamento influi poderosamente no meio natural, modificando, destruindo e até preservando a natureza. E é conveniente lembrar que as ações humanas obedecem a um agente mental chamado pensamento, portanto, a causa do bom ou mal comportamento e conduta do ser está na mente. E é na mente onde se encontrarão as soluções para todos os problemas ambientais, de violência, poluição e estruturais que nos cercam. A poluição antes de se materializar no ambiente circundante é ela mental. Os pensamentos de destruição nascem no cenário da mente humana, a exemplo da obra arquitetônica que se gesta na mente do artista. E é ali que o mal deve ser extirpado pela raiz. Por outro lado, também, os pensamentos úteis e nobres nascem e se proliferam na mente daqueles que cultivam valores e buscam nutrir seus espíritos em fontes límpidas do saber transcendente. Rever conceitos é uma forma de torna diáfana a atmosfera que nos circunda, pois o conceito que não evolui com o tempo se transforma num preconceito e como o ser humano é um ente em evolução, o cuidado com os seus conceitos é de vital importância nesse seu caminhar evolutivo neste Planeta. Além das preocupações concernentes à própria subsistência, o ser humano inteligente deve se preocupar em alcançar novos conhecimentos que enriqueçam a sua natureza espiritual, a fim de transcender as limitações materiais e lançar-se em outros níveis de saber, agora, formativos do caráter. É certo que o enriquecimento da vida é conseguido na cotidiana vivência do dia-a-dia e os conhecimentos sobre como se conduzir nessa vida não se adquirem nos livros e bancos escolares, pois os ensinamentos ali ministrados são de ordem utilitária e comum, diferentes dos de natureza formativa que transcendem aqueles e são extraídos da observação da mãe-natureza presente na Criação. Administrar a própria vida no sentido de não se deixar envolver pelos pensamentos alarmistas e deprimentes veiculados pelo noticiário, buscando a serenidade interna, tão importante para se restabelecer o equilíbrio psíquico, é uma arte que exige a aquisição e domínio de um conhecimento específico, o de si mesmo, muito enunciado e pouco ou quase nada praticado. Da aquisição desse conhecimento depende a felicidade humana. Com essas reflexões queremos dizer que o respeito ao meio ambiente e sua preservação estão intimamente relacionados com a aquisição de conhecimentos que ilustrem o homem sobre a existência de leis que regem o Universo e que são as responsáveis pelo equilíbrio no orbe, porque somente conhecendo os princípios que norteiam a atuação dessas Leis Universais será possível ao homem conduzir-se neste Planeta sem dilapidar e desnaturalizar o meio que nos foi destinado pelo Criador para vivermos nossa existência terrena, gozando de plena felicidade concebida em toda sua plenitude pela Mente Universal.
Homem, Meio Ambiente e Desenvolvimento Mundial
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