A comissão parlamentar de Inquérito do Senado que está investigando o futebol brasileiro aprovou a quebra dos sigilos bancário e fiscal de 25 empresas e empresários credenciados pela Fifa para negociar jogadores brasileiros com clubes do exterior. Além desses, também serão quebrados os sigilos do empresário Luís Vianna, que até recentemente integrava a relação dos credenciados pela Fifa.
Entre os empresários que terão seus sigilos quebrados pela CPI estão Juan Figer (representante do meio-campo da Seleção, Zé Roberto), Edino Nazareth Filho (o ex-quarto-zagueiro Edinho, que defendeu a Seleção Brasileira nas Copas do Mundo de 78, 82 e 86), Reinaldo Pitta (empresário do atacante Ronaldinho), Léo Rabello (empresário de vários jogadores, entre eles o zagueiro Antonio Carlos), Gilmar Luiz Rinaldi (campeão mundial pelo Brasil em 1994) e Pedro Luiz Vicençote (ex-lateral-esquerdo que disputou a Copa de 82).
Ao quebrar os sigilos dos empresários credenciados pela Fifa, os integrantes da comissão parlamentar de Inquérito querem rastrear possíveis intermediários nas negociações de atletas brasileiros com clubes do exterior. A CPI do Futebol também resolveu solicitar à Receita Federal que seja realizada uma auditoria fiscal na empresa de material esportivo Rhumell, no que diz respeito aos seus contratos de patrocínios de futebol.
Ainda foi aprovada na reunião da tarde de ontem da CPI do Futebol as convocações para depor do dono da empresa Traffic, José Hawila, do presidente da Associação dos Atletas Profissionais, o ex-jogador Wilson Piazza, do ex-lateral da Seleção Brasileira Leonardo e do presidente da Federação de Futebol do Distrito Federal, Weber Magalhães.
José Hawila deverá falar sobre a intermediação que sua empresa, a Traffic, fez para viabilizar o contrato firmado entre a CBF e a Nike. Wilson Piazza deporá sobre registro e contratos de jogadores, enquanto Leonardo comentará as declarações que deu à imprensa demonstrando o seu desapontamento com a gestão do futebol brasileiro. Já Weber Magalhães se posicionará a respeito das declarações feitas pelo ministro da Previdência, Waldeck Ornélas, que em depoimento à CPI apontou a Federação do Distrito Federal como uma das mais desorganizadas e com mais problemas relativos à previdência.
Os senadores integrantes da CPI do Futebol aprovaram ainda requerimento solicitando ao juiz da 10ª Vara de Justiça Federal, Ronaldo Desterro, cópia do processo instaurado para investigar irregularidades em bingos. A comissão parlamentar de Inquérito do Senado também solicitará à Câmara dos Deputados todas as notas taquigráficas dos depoimentos já prestados ou que venham a ser realizados na CPI da Nike, além de toda a documentação que for recolhida.
O presidente da CPI do Futebol, senador Álvaro Dias (PSDB-PR), informou que recebeu ofício do advogado da União dos Grandes Clubes do Futebol Brasileiro (Clube dos Treze) solicitando a cópia do depoimento prestado à comissão por Waldeck Ornélas. No entendimento da entidade que representa os maiores clubes do país, as informações prestadas pelo ministro no que diz respeito ao valor dos débitos das agremiações de futebol estão incorretas.