O consumidor brasileiro, que muitas vezes passa ao largo do debate sobre as oscilações do câmbio, acaba se beneficiando com a desvalorização do dólar frente ao real.
Se, por um lado, os empresários falam de uma “desindustrialização” no país, e conseqüentemente, de desemprego, por outro, especialistas em comércio exterior lembram que o dólar mais fraco segura os preços e oferece opções antes não vicejadas.
“Com o preço do produtos importados mais barato, o consumidor pode ter acesso a uma série de artigos de outros países. Isso acaba pressionando os preços internos”, comenta o economista Ricardo José Senna, da Conselho Federal de Economia (Confecon).
Segundo ele, o consumidor ganha tanto de maneira direta quanto indireta. “Comparando os preços do que vai compor a cesta de consumo, por exemplo, ele pode optar entre o produto nacional e o similar importado. E, muitas vezes, o importado está mais barato”.
De maneira indireta, o barateamento de insumos e matérias-primas usadas na produção influencia no preço final cobrado ao consumidor. Se o fertilizante importado está mais barato, por exemplo, influencia o preço dos produtos agrícolas.
“Talvez isso possa demonstrar o barateamento da safra este ano, que será recorde por causa de alguns insumos”, diz Senna.
Somente em março deste ano, a importação de adubos e fertilizantes cresceu 161% na comparação com o mesmo mês de 2006, segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.
O economista cita, ainda, o segmento de bebidas alcoólicas (especialmente de vinho) e o de cigarro, cujas importações aumentaram 58,3% nos primeiros três meses de 2007 em relação ao mesmo período do ano passado.