A Secretaria Especial de Direitos Humanos (SEDH) recebeu um pedido da Secretaria Estadual de Segurança do Rio de Janeiro para que sejam indicados peritos para acompanhar o trabalho de investigação das 19 mortes ocorridas durante a operação no Complexo do Alemão na última quarta-feira (27).
Parlamentares e representantes de organizações não-governamentais (ONGs) afirmam ter recebido denúncias de moradores do conjunto de favelas do Alemão de que dentre os 19 mortos alguns teriam sido executados pelos policiais e não mortos em confronto, como afirma a polícia.
Caso haja incoerências nos laudos cadavéricos feitos pelo Instituto Médico-Legal (IML), o deputado estadual Marcelo Freixo (P-SOL) afirmou que pedirá a exumação dos corpos das vítimas. Representantes das organizações de direitos humanos se reuniram com o Subsecretário de Segurança Pública, Márcio Derenne, para cobrar uma fiscalização da operação policial no Alemão.
A diretora da ONG Justiça Global, Sandra Carvalho, participou da reunião e disse lamentar as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que disse ontem (2) apoiar ações semelhantes em outras comunidades cariocas.
“Nós lamentamos muito a posição do presidente Lula, pois ele desconhece essa realidade. Se ele tivesse ido até o Complexo do Alemão ele teria visto que o que aconteceu ali violou os direitos de todos os moradores. Os postos de saúde não funcionam desde o dia 2 de maio e as crianças estão sem aulas. Não é com uma brutalidade da polícia que se faz política de segurança pública”, argumentou.
Depois da reunião, ficou acertado com a Secretaria Estadual de Segurança que a ouvidoria do órgão reunirá as denúncias dos moradores contra os possíveis excessos cometidos pela polícia na operação da semana passada.
Ontem (2), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que, somente com investimentos em educação, saneamento e lazer, é que o país vai conseguir vencer o crime organizado. “Esse estado será do jeito que a gente quiser que ele seja. Essa ação de vocês no Complexo do Alemão – tem gente que acha que é possível enfrentar a bandidagem com pétalas de rosas. A gente tem de enfrentar sabendo que eles estão muitas vezes mais preparados que a polícia, com armas mais sofisticadas que a polícia. A gente tem que enfrentá-los sabendo que a maioria do povo que mora lá é gente trabalhadora, gente de bem, e que não pode ficar refém de uma minoria”, afirmou.