O Brasil é o quinto maior emissor de gases causadores do efeito estufa, por causa do desmatamento e das queimadas, mas pode atacar isso com a decisão de manter a floresta em pé e usar os recursos de modo sustentável.
A opinião é do professor Alexandre D' Avignon, do Centro de Estudos Integrados sobre Meio Ambiente e Mudanças Climáticas da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional AM, ele comentou o relatório divulgado na sexta-feira pelo Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas (IPCC) da Organização das Nações Unidas (ONU).
E avaliou que “no momento está havendo um otimismo excessivo, de que o homem tem capacidade de mudar o seu futuro, mas é bom lembrar que enfrentamos problemas desde a revolução industrial”. Em cem anos, explicou “a concentração de gás carbônico na atmosfera passou de 280 para 380 ppm (partículas por metro), e a desassimilação só ocorre também em um período de cem anos”.
Para D'Avignon, “nós temos ainda condições de fazer uma mudança, do ponto de vista de ações individuais, como conservar energia, usar menos o carro, tentar fazer menos desmatamento, usar a terra com racionalidade – a partir do momento em que vê na floresta não um pasto, mas a floresta em pé, cujos recursos podem ser usados de modo sustentável, muda-se o modelo de desenvolvimento, muda-se o paradigma tecnológico”.
O Brasil, acrescentou, “vive uma realidade crítica, pois 75% das emissões de gases são devidas ao uso da terra, mas como país em desenvolvimento está transferindo tecnologia para a disseminação da produção de etanol, de biodiesel, de álcool, que sabidamente são menos poluentes”.
A opinião pública, segundo o especialista, “é o grande vetor para mudanças e está pesando muito nesse momento e nessa questão, com sua mobilização”. D'Avignon defendeu ainda o desenvolvimento de carros elétricos para uso em larga escala e o uso de energias renováveis como a eólica (dos ventos).
“A gente tem que convencer os políticos de que hoje isso é uma questão de sobrevivência das gerações futuras e se não se tomarem medidas agora, no futuro os nosso filhos não terão água, não terão um clima sadio, não terão conforto térmico. A floresta tem que ser, de fato, uma possibilidade de emprego e renda, com sustentabilidade. Há soluções, mas são necessárias decisões políticas”, concluiu.