O Pará é o estado que tem a maior área desmatada na região Amazônica, com 207.085,5 quilômetros quadrados . Já no percentual de área desmatada em relação ao território, o estado com maior índice é o de Rondônia, 28,50%, e o que tem a menor proporção de desmatamento é o Tocantins.
As informações estão no primeiro trabalho impresso de mapeamento da Amazônia, desde 1996. Pesquisadores do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) levaram uma década para concluir os dez mapas temáticos produzidos como subsídio para a elaboração do Mapa Integrado dos Zoneamentos Ecológico-Econômicos dos Estados da Amazônia Legal (ZEEs), no âmbito do Projeto Macrozoneamento da Amazônia Legal, da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Ministério do Meio Ambiente. O ano base de referência dos mapas é 2003, com exceção do mapa de zoneamento ecológico-econômico, que está mais atualizado.
“É a primeira vez que se tem a consolidação de dados sobre a Amazônia, juntando as diferentes informações num mesmo mapa, e isso é muito importante para o processo de planejamento da região amazônica. Esse planejamento ficará em cima dos ZEEs, que vem sendo feitos pelos diferentes estados”, explicou a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.
Os ZEEs tem função normativa e permitem o planejamento territorial da região amazônica. No mapa em que todos os ZEEs aparecem integrados, a Amazônia Legal está dividida em áreas com estrutura produtivas definida ou por definir, áreas que precisam ser recuperadas ou reordenadas, além de áreas consideradas frágeis, áreas onde há manejo florestal e áreas de proteção ambiental que já existem ou foram propostas. Além de ser um elemento de monitoramento, fiscalização e aplicação da lei, por meio dos zoneamentos podem ser propostas alternativas de uso sustentável dos recursos naturais e do aproveitamento das potencialidades sociais e econômicas de cada estado, respeitando as peculiaridades regionais.
A Amazônia Legal tem uma extensão de aproximadamente 5 milhões de quilômetros quadrados, constituindo 59% do território brasileiro. A área desmatada acumulada, de acordo com dados do Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe), é superior a 660 mil quilômetros quadrados, aproximadamente 13% da floresta da Amazônia Legal. Mesmo assim, o bioma amazônico mostra sinais de resistência, percebidos na redução no nível de desmatamento da floresta, segundo o diretor de Geociências do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Guido Gelli.
“Há uma resistência por causa do próprio clima, das chuvas, da estrutura física nas regiões da mata mais densa da floresta tropical úmida. O avanço da pecuária e da agricultura já está freado pela própria resistência da floresta”, explicou Guido Gelli.
A ministra do Meio Ambiente informou que o desmatamento vem sendo enfrentando com plano de combate que tem orçamento de R$ 390 milhões até este ano e já conseguiu redução de 52% no desmatamento. Ainda segundo ela, a redução no nível de desmatamento evitou que fossem jogadas na atmosfera cerca de 120 milhões de toneladas de CO2, que representam 15% do que teria que ser reduzido nos últimos dois anos pelos países ricos.
Os mapas que dão sustentação ao Mapa Integrado de ZEEs reúnem informações demográficas, sócio-econômicas e culturais que dizem respeito à Amazônia, e que permitiram à criação de um banco de dados sobre a floresta. Alguns desses dados foram colocados numa mesma base cartográfica pela primeira vez, o que possibilitou a observação de novas tendências na região. Os mapas estão disponíveis no site do instituto e serão entregues editados em papel a qualquer empresa pública ou privada que solicitar as informações ao IBGE ou ao Ministério do Meio Ambiente.
Um dos projetos que poderá ser planejado com o auxílio dos mapas será o de recuperação do chamado Arco do Desmatamento, cujos limites se estendem do sudeste do estado do Maranhão, ao norte do Tocantins, sul do Pará, norte de Mato Grosso, Rondônia, sul do Amazonas e sudeste do estado do Acre. As principais causas do desmatamento nessa região são o crescimento da população, da indústria madeireira, aliada a ampliação da rede viária, e as queimadas realizadas para abertura de pastagens e áreas agrícolas. Com as informações sobre a fertilidade do solo, subsolo, cobertura vegetal e clima, algumas áreas desmatadas poderiam ser destinadas ao reflorestamento comercial. “Esse é um dos objetivos, transformar o Arco do Desmatamento em Arco do Reflorestamento, isso já seria sensacional”, destacou Guido Gelli.
O banco de dados montado pelo IBGE também vai permitir que se tenha informações em curto prazo para instalação das barragens previstas para o Rio Madeira, pavimentação da BR-163 ou qualquer outra iniciativa de negócios na Amazônia. Os mapas proverão todas as informações necessárias para se fazer um estudo de impacto ambiental e fornecer alternativas ou até de controle efetivo, no futuro, de ocupação daquela terra, que vai se dar onde houver este empreendimento. Conforme ressaltou Guido Gelli, “o importante é que se dê uma ocupação ordenada, sob um Zoneamento Ecológico-Econômico que me permita dizer onde eu posso fazer um tipo de atividade e onde eu devo preservar a floresta”.
São os seguintes os mapas: divisão política; fronteira agrícola; fronteira pecuária e madeireira; fronteira agropecuária e mineral na vegetação natural; estrutura agrária; diversidade sociocultural; rede urbano-regional; logística do território; ocupação territorial; além do mapa integrado dos zoneamentos ecológico-econômico da Amazônia Legal.