A pobreza, a miséria, a gravidez na adolescência e a falta de planejamento familiar estão entre as principais causas do abandono das crianças e adolescentes no Brasil. A conclusão é do presidente do Fórum Permanente da Criança e do Adolescente, desembargador Liborni Siqueira, que abriu, agora há pouco, as comemorações do Dia Nacional da Adoção, no Tribunal de Justiça do Rio. O ator Marcelo Anthony, que adotou uma criança recentemente, também participará das comemorações hoje (dia 24 de maio).
Segundo o desembargador, dos dois bilhões de pobres existentes no mundo, 860 milhões são miseráveis e, deste total, 25 milhões estão no Brasil. “O grande problema brasileiro é a miséria e a pobreza”, enfatizou. Liborni Siqueira, que exerce atividades junto a orfanatos e abrigos, afirmou que as crianças que vivem em instituições, na maioria das vezes, são filhos de mães doentes mentais, alcoólatras e toxicômanas.
Outro motivo para o abandono é quando as crianças nascem com alguma anormalidade, são as chamadas crianças especiais. “Grande parte dos pais abandonam os filhos quanto têm consciência da anormalidade. Neste caso, elas são levadas aos orfanatos pelos avós”, disse.
Liborni Siqueira criticou a falta de planejamento familiar no Brasil, que poderia reduzir o elevado número de crianças em estado de abandono. “Se falar em planejamento familiar neste país é crime”, desabafou. A gravidez na adolescência, de acordo com ele, também está aumentando. Ele disse que, de 1998 a 2000, o número de adolescentes grávidas em Brasília passou de 2,95% para 3,75%. “Dos 645 mil bebês nascidos de adolescentes com idades entre 15 aos e 19 anos, 27 mil são filhos de meninas entre 10 e 14 anos”, destacou.
No ano passado, 384 crianças e adolescentes foram adotados na 1ª Vara da Infância e da Juventude da Capital e outras 26 crianças foram adotadas por famílias estrangeiras, sendo que 11 foram para a Itália.
O Dia Nacional da Adoção (25 de maio) foi instituído por Lei Federal para conscientizar a população sobre a realidade das crianças que vivem em abrigos porque foram abandonadas efetivamente pelos pais biológicos. O evento no TJRJ foi organizado pelo desembargador Thiago Ribas Filho, coordenador da Comissão Estadual Judiciária de Adoção (Ceja). Juízes das Varas da Infância e da Juventude, promotores, psicólogos e assistentes sociais também participam das comemorações.