Bagdá em chamas, queima-se também um pouco do patrimônio histórico da humanidade … Vestígios do homem deixados há mais cinco mil anos foram , também ali, se pretendeu chegar aos céus através da torre de babel, e nos delírios de Nabucodonosor…
Nunca o abismo entre o oriente e o ocidente foi tão brutal e tão cruel, soldados americanos levam comida aos refugiados iraquianos , distribuem doces, balas, biscoitos, água, refrigerantes e até leite. Mas a verdadeira sede do povo é de paz…
Os xiitas se mutilam em procissão pública. a miséria local perto da exuberante supremacia bélica tecnológica americana adota contornos pungentes e, por vezes, caricatos..
Para aonde vai esta gente toda, andando à pé, a desafiar o deserto munidos com seus filhos esquálidos e suas mulheres tristes encobertas pelo shadô…
Alguns soldados americanos e aliados foram capturados como reféns em sua peripécia atrapalhada e neste fervor nacionalista numa suposta guerra contra o terrorismo.
Despersonaliza-se a guerra, a ideologia é o grande lábaro desfraldado capaz de defender o território, petróleo , democracia mas, ao mesmo tempo, incapaz de preservar a vida humana principalmente utilizando-se a via diplomática…
As etnias dissidentes alvoraçadas em agarrar logo seu quinhão se digladiam, assim na Antiga Macedônia, que mas uma vez é desfacelada por petulâncias estrangeiras.
Entre os chefes da guerra, a troca de insultos impróprios que ainda mais fomentam a carnificina.
A insana , inexplicável e bárbara prática de genocídio se repete. E de repente, um ditador oportunista se torna líder da causa árabe (e já se aponta os canhões para Síria)que cada vez mais se cerca das justificativas religiosas, fanáticas por determinar, deliberados suicídios em massa. Homens-bomba que se empenham a vida por Alah. E cadê Saddam Hussein? E Bin-Laden ?
A guerra não foi breve e nem cirúrgica e muito menos justa, não restabelecerá a democracia e não restaurará nada… A guerra afoitamente começou e evoluiu e concluiu de modo perverso , sem os contornos rápidos e assépticos de dominação originalmente traçados;
E as armas químicas?? Existiram ? De ambos os lados, humilham-se os prisioneiros de guerra diante das atentas lentes da mídia que passa a expor a violenta violação da Convenção de Genebra igualmente ignorada pelas partes em combate.
O místico da religião se miscui graciosamente com a política de tal sorte que a crença vira convicção, e, esta vira ódio, que constitui o grande combustível para manter essa guerra acesa tantos nos bastidores como nos mais diferentes campos de batalha.
Vejo Bagdá em chamas, os ataques milimétricos erram os alvos, os mísseis inteligentes são vulgarmente usados por gente burra a promover um destruição entre civis e militares indistintamente. Todos são suspeitos…
Quem está contra a guerra, é simplesmente considerado anti-americano. A propósito, de quantas maiorias é compostos os EUA ? E no mundo ? Porque, tantas pessoas em passeatas e manifestações, na entrega do Oscar, nas propagandas de TV e nos clipes musicais estão rotundamente contra a guerra e nem isto importa…
O computador traz imagens picadas pois demora um pouco em repassar as imagens e as mensagens mas nem estes instantes servem para reflexão sobre a guerra da vergonha…
Que saldo positivo restará desta guerra? Por que nos comportamos como primitivas criaturas que a beira da caverna disputam avidamente um lugar junto ao fogo ou a glória de desenhar na parede o bisão caçado ?
Talvez seja mesmo verdade que a próxima guerra como dizia Einstein seja de paus e pedras… será que tanto amor à liberdade dos norte-americanos, só vige mesmo dentro de suas fronteiras?
Ou somente sob a abóbada alvacenta da Casa Branca ? Que futuro glorioso aguarda o Iraque ? Talvez tão-somente um leilão público de suas misérias e poucas riquezas… Enquanto alguns negociam rendições( como Tarik Assiz) resta a certeza que o presente deste povo não tem preço nenhum e do passado, não restam mais vestígios…